quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sucesso Financeiro na Sustentabilidade Empresarial

Entrevista
Por Magno Viana
Com: Casemiro Tércio Carvalho
Coordenador do Planejamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Não há dúvida, que existem diversas formas inteligentes, de os empresários de médio e grande portes, aplicarem em suas respectivas empresas, critérios de produção, pautados na responsabilidade com o meio ambiente, e, simultaneamente, obterem um retorno financeiro compensador.
Sabe-se muito bem da necessidade de uma conscientização continuada, dos empresários, com relação à todos os temas atrelados as questões ambientais como: Sustentabilidade;Restauração e manutenção do ecossistema; Mudança de políticas na construção de imóveis, entre outros assuntos com foco na restauração, manutenção e preservação ambiental.
Os estudantes universitários, principalmente, da área de Engenharia Civil, precisam de um direcionamento intra e interdisciplinar, que os prepare para a adaptação de novas técnicas de construção civil, pois, a tendência, é que os imóveis ao invés de serem comuns sejam verdes. Caminha-se para uma mudança plena da parte estética dos imóveis.
Na região sudeste, essencialmente no Estado de São Paulo, que tem um pólo industrial majoritário no país, grandes empresários tem “ despertado” para a extrema necessidade de atitudes comprometidas com a questões ambientais. Estão partindo do princípio que, se não houver , por parte das empresas , uma aceitação de políticas voltadas para a responsabilidade ambiental, não haverá sustentabilidade, nem para a manutenção do próprio Setor empresarial.
Apesar de em alguns casos, os investimentos serem irrisórios, e, em outros, prevalecer, meramente, a estratégia de marketing, existe realmente um grupo de empresários preocupados com o Meio Ambiente e a Sustentabilidade.
Por meio de pesquisas direcionadas, e palestras sobre o assunto, os executivos descobriram que podem até alcançar uma margem de lucro maior, com práticas empresariais ecologicamente corretas.
A Revista Planeta Terra conversou com o Coordenador do Planejamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Confira:

Planeta Terra: Como os empresários de médio e grande portes, podem atuar no gerenciamento de suas empresas, com responsabilidade ecológica, e, paralelamente, obterem retorno financeiro, advindo de novas metas administrativas?

Tércio: Trabalhando o Meio Ambiente Latu Sensu. O principal não é plantar árvores, investir em propagandas,fazer programas totalmente vinculados à marca da empresa, mas, como estratégia de marketing.
É muito mais importante criar formas técnicas a serem aplicadas na produção, com vista à amenizar o impacto da empresa sobre o meio ambiente. Como exemplo temos a Petrobrás, que limpa o diesel de 500 PPLS para uma média abaixo de 50 PPLS.
É muito mais importante, também criar programas de incentivo cultural e socioambiental.
A agenda verde tem tido prioridade, principalmente na televisão, mas, deve-se pensar no meio ambiente Latu Sensu. Com vista à uma orientação para a diminuição dos fluxos de massa e fluxos energéticos, na fabricação de produtos industriais.

Planeta Terra: Existem novos projetos de preservação ambiental e sustentabilidade, a serem colocados em prática, ou o assunto: “ Sustentabilidade”, está esgotado, e, se tornou apenas objeto-meio, para a auto-promoção de políticos e empresários?

Tércio: O assunto não está esgotado, inclusive existe, uma prospecção de pesquisa.
Hoje fala-se muito da sustentabilidade com o objetivo de auto-promoção. Mas, o assunto é sério, e caro, todavia, essencial, e existe possibilidade comprovada de retorno para a sociedade, para o meio ambiente e para os empresários.
Na fabricação da lajota, por exemplo, você pode fabricar mais e consumir menos energia, mas, os empresários, em primeiro lugar, precisam fazer uma adaptação na empresa.
O etanol brasileiro é considerado, internacionalmente, como etanol sustentável.

Planeta Terra: Quais os programas da Secretaria do Meio Ambiente, voltados para os industriais, com o objetivo de direcioná-los à uma forma de produção, sem prejudicar o Meio Ambiente, e, com mais lucratividade para os empresários?

Tércio: 1-O Protocolo do Setor Sucroalcooleiro, com redução drástica do processo de queima de açúcar;
2-Protocolo da Construção Civil Sustentável;
3-Trabalho de orientação com mineradores, para que possam adotar processos mais produtivos na mineração;
4-Documento de Economia Verde para identificar no Estado de São Paulo, quais são os gargalos por tecnologia sustentável;
5-Criação, por meio da Caixa do Desenvolvimento, de uma linha de crédito para a economia verde;
6-Agência de fomentos da Nossa Caixa com recursos para a economia verde;
7-Instituição de fóruns de queima eólica, entre outros projetos.

Planeta Terra: Na Convenção para o Meio Ambiente, que aconteceu em Estocolmo, na Suécia, em 1972,os países do sul, liderados pelo Brasil, afirmaram que estariam dispostos a “lutar”, pelo desenvolvimento a qualquer custo. Os empresários se “ escudam” nessa afirmação, em busca do lucro, ainda que em degradação ao meio ambiente.
Quais as medidas mais viáveis, para resolver este problema, de maneira que a natureza seja preservada, e os empresários continuem progredindo, para o sucesso financeiro do país?

Tércio: Uma questão importante a ser mencionada, é que, os cidadãos vão escolher produtos sustentáveis. Então, os empresários descomprometidos com a sustentabilidade, vão ficar “a deriva” do mercado.
Quem é competitivo, pensa no meio ambiente, e continua no mercado, quem não é, ficará à margem do setor empresarial.
Com novas medidas de emissão de gases, alcança-se a qualidade ambiental.

Planeta Terra: Os empresários de médio e grande portes, do Estado de São Paulo, tem feito, realmente, alguma coisa para reparar a degradação ambiental, causada por suas empresas, ou apenas ludibriam a sociedade, em busca de prestígio, e reafirmação de sua marca, por meio do investimento em marketing?

Tércio: Os empresários de médio e grande portes são líderes. Esses, realmente, estão modificando o seu paradigma empresarial.
Acredito que a pré-disposição à mudança de postura existe, precisamos qualificar essa mudança. Para isso, temos a Carteira de Indicadores Ambientais.
Os indicadores mostram que houve uma evolução clara na qualidade ambiental.
O próprio mercado internacional, impulsiona a mudança de postura dos empresários ao exigir, por exemplo, uma carne bovina que tenha sido preparada, por meio, de técnicas ecologicamente corretas.