quinta-feira, 16 de maio de 2013

Aeroportos, Copa de 2014... E agora?


Por

Magno Viana

Jornalista

 

A expectativa da sociedade brasileira com relação à Copa do Mundo FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) de 2014 é intensa e crescente. Pelo fato de o Brasil se tratar de uma nação conhecida mundialmente como o país do futebol, a espera pelo momento da competição aqui pela segunda vez, além de ser universal é criadora de frisson principalmente nos organizadores do evento.  Como será no século XXI a realização do torneio no país especializado empiricamente nesse esporte, a Terra do Rei Pelé, Ronaldo, o ex-fenômeno, Kaká e Neymar?  É um questionamento não só dos anfitriões, mas, também das demais dezenas de povos que participarão da Copa.

É necessário lembrar que não se está falando do Brasil de 1950 (quando o país sediou o evento pela primeira vez). Além de a nação ter se tornado emergente nos últimos dez anos, é hoje a sexta maior economia do mundo. Entretanto, mesmo com estas conquistas, surge mais uma pergunta: Existe infraestrutura para atender a demanda por prestação de serviço de qualidade? Qual a situação dos aeroportos nacionais? Com essa terceira pergunta dá-se início ao desdobramento da presente discussão, na busca de respostas para os questionamentos. Os frequentes atrasos na decolagem dos aviões, acidentes e cancelamentos de voos tem marcado a trajetória atual do transporte aéreo brasileiro.

Um estudo divulgado dia 14 de março do corrente ano, assevera que 17 dos 20 principais aeroportos do Brasil, ou 85%, estão em situação precária ou preocupante, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Análise publicada no site da Agência Brasil – Empresa Brasil de Comunicação (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-14/ipea-conclui-que-85-dos-principais-aeroportos-brasileiros-estao-em-situacao-critica-ou-preocupante), link acessado dia 1º de novembro de 2012, às 12h40. De acordo com a fonte supracitada, desses, 12 estão funcionando acima da capacidade operacional. Somente os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Manaus funcionam em condições adequadas, fora da situação alarmante. Avalia-se a necessidade e possibilidade de concessão à iniciativa privada para a construção de três novos aeroportos antes da época de realização da Copa. Um em Brasília, outro em São Paulo, e o terceiro em Guarulhos. Todavia, tem sido constatado que a capacidade da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), permanece limitada para efetuar o programa de investimento.


A situação se agrava por ter sido observado que dos 11 aeroportos nos quais está previsto o emprego de recursos nos terminais de passageiros, oito ainda estão com projetos na etapa inicial. A morosidade em período que precede um dos mais importantes eventos mundiais é preocupante e até mesmo motivadora de indignação, por causa das injustificáveis ínfimas aplicações no setor. O IPEA, afirma que não apenas os aeroportos inquietam. Pois, o Brasil investe apenas 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), incluindo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em transporte. O percentual está aquém do empregado por outros países emergentes, como a China, Índia e Chile – que aplicam 2,7% do PIB.  Calcula-se que o Brasil necessita investir cerca de R$ 185 bilhões em rodovias; R$ 75 bilhões em ferrovias e mais de R$ 45 bilhões em portos, segundo afirmação de Carlos Campos, coordenador de Infraestrutura Econômica do IPEA.

Era de se esperar que o país já estivesse com as obras em estágio final, pois além de ter sido escolhido para sediar o evento, pontua-se como já foi dito, a posição do Brasil no cenário mundial, em se tratando dessa modalidade de esporte. Para que se obtenha uma visualização do tamanho dos problemas, no dia 28 de abril de 2012 o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, teve oito atrasos de voos e um cancelamento, dos 43 programados. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, dos 113 voos programados, 17 partiram com atraso e 12 foram cancelados. No Aeroporto de Congonhas, dos 90 voos previstos, 12 atrasaram e três foram cancelados, segundo o site Nacional – Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=338655&modulo=964&origem=ultimahora-wide), consultado dia 1º de novembro do corrente ano.

Surge a indagação: E na tão aguardada Copa do Mundo, como será? Alega-se nos casos citados que as condições meteorológicas desfavoráveis podem justificar os atrasos e cancelamentos. Mas, os imprevistos deveriam ter sido previstos, e também a situação climática não é a única razão para os problemas no sistema aéreo brasileiro. Torna-se importante registrar que três dos maiores desastres aéreos da última década ocorreram no Brasil. Em 2005, um Boeing 737 da Gol caiu na floresta amazônica, matando 154 pessoas. Depois, no ano de 2008, na pior tragédia aérea já assinalada em solo brasileiro, uma aeronave da TAM explodiu no aeroporto de Congonhas, São Paulo, resultando na morte de 199 pessoas. E em 2009 um Airbus da Air France, que fazia a rota Rio-Paris, despenhou-se no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Segundo informação do site BBC Brasil (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120420_cronologia_desastres_aereos.shtml), examinado dia 1º de novembro do ano em curso, às 14h10.

Tragédias acontecem em todos os continentes mundiais, por mais precavidos que os dirigentes das empresas aéreas busquem ser, todavia, o que agrava a situação nacional são a frequência e intensidade dos acontecimentos que dizem respeito ao transporte. Como prestar um serviço de qualidade por meio da disponibilização de aeronaves confortáveis, voos seguros e pontualidade no horário de embarque e desembarque? Faz-se necessário atentar para a problemática pertencente a todo o sistema aeroportuário objetivando saná-la sem perda de tempo. Profissionais bem preparados, cursos de especialização na área específica de cada funcionário, oferecidos pelas empresas aéreas. Expansão imediata da capacidade da Infraero de investir na construção de novos aeroportos, adaptação e aprimoramento dos existentes, mais rigor na fiscalização efetuada pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), são alguns rumos a serem tomados, com vistas ao aperfeiçoamento dos trabalhos executados e serviços prestados nos aeroportos nacionais.  

Os danos do usuário são significativos ao tentar sair do Brasil mediante a utilização do transporte aéreo, como na última década, tem-se observado: Perde-se festa de aniversário, celebração ou bodas de casamento, comemoração de Natal e Réveillon, Shows, dinheiro com gastos nas horas de espera, por causa dos atrasos nos aeroportos, e nos casos mais estarrecedores perde-se a vida. O que seria um momento de festejo se transforma em aborrecimento ou até mesmo morte seguida de luto. Porém, não se pode esquecer que, pelo fato de as promoções apresentadas pelas empresas serem tão atraentes e o poder aquisitivo dos brasileiros ter aumentado, viaja-se mais de avião. Entre 2002 e 2010, o valor das passagens aéreas decresceu em média 64%, de acordo com o site SECOM (http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/acoes-e-programas/comunicacao-publica/em-questao/edicoes-anteriores/maio-2011/boletim-1290-24.05/com-tarifa-menor-brasileiro-viaja-mais-de-aviao/impressao_view), consultado dia 1º de novembro do corrente ano.

Com a renda em alta e o preço do bilhete em baixa, o cidadão não perde a oportunidade de optar pelo embarque via aeroporto. A ausência de qualquer regulação de preços sobre passagens aéreas possibilita às empresas ampla concorrência e total liberdade para realizarem promoções. A queda nos preços é provocada pela competição no setor, originada pela participação de empresas de menor porte no mercado brasileiro. Como pode ser constatado, de um lado o cenário do transporte aéreo nacional é animador por causa da procura e utilização, mas, em contrapartida, a necessidade de ampliação, segurança e qualificação é incontestável e urgente, para que em 2014 não se estabeleça um bordão similar ao título da presente reportagem.