Por
Magno
Viana
Jornalista
A
expectativa da sociedade brasileira com relação à Copa do Mundo FIFA (Federação
Internacional de Futebol Associado) de 2014 é intensa e crescente. Pelo fato de
o Brasil se tratar de uma nação conhecida mundialmente como o país do futebol,
a espera pelo momento da competição aqui pela segunda vez, além de ser
universal é criadora de frisson principalmente nos organizadores do evento. Como será no século XXI a realização do
torneio no país especializado empiricamente nesse esporte, a Terra do Rei Pelé,
Ronaldo, o ex-fenômeno, Kaká e Neymar? É
um questionamento não só dos anfitriões, mas, também das demais dezenas de
povos que participarão da Copa.
É
necessário lembrar que não se está falando do Brasil de 1950 (quando o país
sediou o evento pela primeira vez). Além de a nação ter se tornado emergente
nos últimos dez anos, é hoje a sexta maior economia do mundo. Entretanto, mesmo
com estas conquistas, surge mais uma pergunta: Existe infraestrutura para
atender a demanda por prestação de serviço de qualidade? Qual a situação dos
aeroportos nacionais? Com essa terceira pergunta dá-se início ao desdobramento
da presente discussão, na busca de respostas para os questionamentos. Os
frequentes atrasos na decolagem dos aviões, acidentes e cancelamentos de voos
tem marcado a trajetória atual do transporte aéreo brasileiro.
Um
estudo divulgado dia 14 de março do corrente ano, assevera que 17 dos 20
principais aeroportos do Brasil, ou 85%, estão em situação precária ou
preocupante, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Análise
publicada no site da Agência Brasil – Empresa Brasil de Comunicação (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-14/ipea-conclui-que-85-dos-principais-aeroportos-brasileiros-estao-em-situacao-critica-ou-preocupante), link
acessado dia 1º de novembro de 2012, às 12h40. De acordo com a fonte
supracitada, desses, 12 estão funcionando acima da capacidade operacional.
Somente os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Manaus funcionam em condições
adequadas, fora da situação alarmante. Avalia-se a necessidade e possibilidade
de concessão à iniciativa privada para a construção de três novos aeroportos
antes da época de realização da Copa. Um em Brasília, outro em São Paulo, e o
terceiro em Guarulhos. Todavia, tem sido constatado que a capacidade da
Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), permanece
limitada para efetuar o programa de investimento.
A
situação se agrava por ter sido observado que dos 11 aeroportos nos quais está
previsto o emprego de recursos nos terminais de passageiros, oito ainda estão
com projetos na etapa inicial. A morosidade em período que precede um dos mais
importantes eventos mundiais é preocupante e até mesmo motivadora de
indignação, por causa das injustificáveis ínfimas aplicações no setor. O IPEA,
afirma que não apenas os aeroportos inquietam. Pois, o Brasil investe apenas
0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), incluindo o PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento), em transporte. O percentual está aquém do empregado por outros
países emergentes, como a China, Índia e Chile – que aplicam 2,7% do PIB. Calcula-se que o Brasil necessita investir
cerca de R$ 185 bilhões em rodovias; R$ 75 bilhões em ferrovias e mais de R$ 45
bilhões em portos, segundo afirmação de Carlos Campos, coordenador de
Infraestrutura Econômica do IPEA.
Era
de se esperar que o país já estivesse com as obras em estágio final, pois além
de ter sido escolhido para sediar o evento, pontua-se como já foi dito, a
posição do Brasil no cenário mundial, em se tratando dessa modalidade de
esporte. Para que se obtenha uma visualização do tamanho dos problemas, no dia
28 de abril de 2012 o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, teve
oito atrasos de voos e um cancelamento, dos 43 programados. No Aeroporto
Internacional de Guarulhos, dos 113 voos programados, 17 partiram com atraso e
12 foram cancelados. No Aeroporto de Congonhas, dos 90 voos previstos, 12 atrasaram
e três foram cancelados, segundo o site Nacional – Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=338655&modulo=964&origem=ultimahora-wide), consultado
dia 1º de novembro do corrente ano.
Surge
a indagação: E na tão aguardada Copa do Mundo, como será? Alega-se nos casos
citados que as condições meteorológicas desfavoráveis podem justificar os
atrasos e cancelamentos. Mas, os imprevistos deveriam ter sido previstos, e
também a situação climática não é a única razão para os problemas no sistema
aéreo brasileiro. Torna-se importante registrar que três dos maiores desastres
aéreos da última década ocorreram no Brasil. Em 2005, um Boeing 737 da Gol caiu
na floresta amazônica, matando 154 pessoas. Depois, no ano de 2008, na pior
tragédia aérea já assinalada em solo brasileiro, uma aeronave da TAM explodiu
no aeroporto de Congonhas, São Paulo, resultando na morte de 199 pessoas. E em
2009 um Airbus da Air France, que fazia a rota Rio-Paris, despenhou-se no
Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Segundo informação do site BBC Brasil
(http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120420_cronologia_desastres_aereos.shtml),
examinado dia 1º de novembro do ano em curso, às 14h10.
Tragédias
acontecem em todos os continentes mundiais, por mais precavidos que os
dirigentes das empresas aéreas busquem ser, todavia, o que agrava a situação
nacional são a frequência e intensidade dos acontecimentos que dizem respeito
ao transporte. Como prestar um serviço de qualidade por meio da
disponibilização de aeronaves confortáveis, voos seguros e pontualidade no
horário de embarque e desembarque? Faz-se necessário atentar para a
problemática pertencente a todo o sistema aeroportuário objetivando saná-la sem
perda de tempo. Profissionais bem preparados, cursos de especialização na área
específica de cada funcionário, oferecidos pelas empresas aéreas. Expansão imediata
da capacidade da Infraero de investir na construção de novos aeroportos,
adaptação e aprimoramento dos existentes, mais rigor na fiscalização efetuada
pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), são alguns rumos a serem tomados,
com vistas ao aperfeiçoamento dos trabalhos executados e serviços prestados nos
aeroportos nacionais.
Os
danos do usuário são significativos ao tentar sair do Brasil mediante a
utilização do transporte aéreo, como na última década, tem-se observado: Perde-se
festa de aniversário, celebração ou bodas de casamento, comemoração de Natal e
Réveillon, Shows, dinheiro com gastos nas horas de espera, por causa dos
atrasos nos aeroportos, e nos casos mais estarrecedores perde-se a vida. O que
seria um momento de festejo se transforma em aborrecimento ou até mesmo morte
seguida de luto. Porém, não se pode esquecer que, pelo fato de as promoções
apresentadas pelas empresas serem tão atraentes e o poder aquisitivo dos
brasileiros ter aumentado, viaja-se mais de avião. Entre 2002 e 2010, o valor
das passagens aéreas decresceu em média 64%, de acordo com o site SECOM (http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/acoes-e-programas/comunicacao-publica/em-questao/edicoes-anteriores/maio-2011/boletim-1290-24.05/com-tarifa-menor-brasileiro-viaja-mais-de-aviao/impressao_view),
consultado dia 1º de novembro do corrente ano.
Com
a renda em alta e o preço do bilhete em baixa, o cidadão não perde a
oportunidade de optar pelo embarque via aeroporto. A ausência de qualquer
regulação de preços sobre passagens aéreas possibilita às empresas ampla
concorrência e total liberdade para realizarem promoções. A queda nos preços é
provocada pela competição no setor, originada pela participação de empresas de
menor porte no mercado brasileiro. Como pode ser constatado, de um lado o
cenário do transporte aéreo nacional é animador por causa da procura e
utilização, mas, em contrapartida, a necessidade de ampliação, segurança e
qualificação é incontestável e urgente, para que em 2014 não se estabeleça um
bordão similar ao título da presente reportagem.