domingo, 19 de dezembro de 2010

Entrevista com o historiador e especialista em samba Evaristo de Carvalho

São Paulo
Assessora: Tulia Yamamoto
E-mail: tuliayamamoto9@hotmail.com
Tels: 3222-6343 / 9636-2521 / 9609-6567
Dia: 19/11/2010 – Às 12h30min.

1ª) Segundo estudiosos do samba e da indústria fonográfica, em 1920,
com a evolução da forma de se produzir discos e as inovações introduzidas no
estilo musical, ele foi transformado em produto.
Qual o seu ponto de vista com relação a essa afirmação?
Resposta:
A primeira gravação ocorreu em uma tarde de 1917 pela Odeon, de lá para
cá a indústria fonográfica cresceu muito, com o desenvolvimento técnico e o
aumento no número de gravadoras, surgiram as inovações no estilo, inclusive, se
criou o samba-enredo juntamente com os blocos das escolas de samba
carnavalesco.

2ª) Quais os aspectos positivos e negativos de todas as mudanças
sofridas pelo samba?
Resposta:
O sambista do morro sofre muito, é difícil conseguir mostrar o seu trabalho, e o samba quanto mais sofrido é mais bonito.

3ª) O samba foi totalmente descontextualizado ou, por meio do aparato
tecnológico conseguiu-se uma interpretação aprimorada do estilo?
Resposta:
O samba alcançou a alta sociedade brasileira. Ele, como tudo na vida,
evoluiu, se expandiu. Novos arranjos foram agregados ao samba.
É claro que a música, como na sua época inicial, o samba de raiz não é mais
prioridade, mas, o lado que acredito ser importante é a inserção do estilo na classe de poder aquisitivo alto.

4ª) O samba ainda comunica as mensagens que retratam tristeza,
dinheiro, preconceito, solidão e desigualdade social; ou o foco tem sido a
venda de produtos como CDs e DVDs?
Resposta:
Sim. O samba é isso, é a exposição de diversas histórias para as famílias.
História de tristeza, preconceito, desigualdade social. E o samba é nosso, por meio dele comunicamos muitas mensagens à família brasileira. Só que essas mensagens são passadas na atualidade por intermédio do samba-enredo, que é o samba carnavalesco, e, mediante a utilização dos recursos advindos da tecnologia. Penso que, por meio do samba-enredo é possível dar-se uma aula.

5ª) Em sua opinião o samba é o ritmo que representa o Brasil?
Por quê?
Resposta:
Sim. Porque o samba nasceu no Brasil, ele pertence ao país, e o simboliza.

6ª) O sambista no Brasil é conceituado pela mídia ou pelo público?
Resposta:
Pelo público. O público que o valoriza.

7ª) Muitos profissionais ligados ao samba (cantor, compositor) não são
conhecidos, porque não têm o apoio da mídia?
Resposta:
Verdade. Os músicos estrangeiros, dos Estados Unidos, por exemplo, tem
mais espaço do que os nacionais.

8ª) Os nomes ligados a esse ritmo que ganham destaque na mídia
representam realmente o samba no Brasil?
Resposta:
Representam. Alcione, Beth Carvalho, entre outros sambistas, têm efetuado
seu papel muito bem.

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