domingo, 19 de dezembro de 2010

Entrevista com o sambista Almir Guineto

Rio de Janeiro
Teles: 9710-2854 / 7837-1133 / 3554-4283
Dia: 13/11/2010 – Às 20h00min.
Local: Bar Favela, Rua Mourato Coelho, Vila Madalena, São Paulo, SP.

1ª) Segundo estudiosos do samba e da indústria fonográfica, em 1920,
com a evolução da forma de se produzir discos e as inovações introduzidas no
estilo musical, ele foi transformado em produto.
Qual o seu ponto de vista com relação a essa afirmação?
Resposta:
As mudanças aconteceram por causa do progresso. Com a divulgação do
samba, as coisas “voam”, o artista fica famoso, o dinheiro aumenta, e se tem um
novo perfil de músico e de estilo de samba.

2ª) Quais os aspectos positivos e negativos de todas as mudanças
sofridas pelo samba?
Resposta:
Aspecto positivo se pode considerar o fato de o samba ter chegado a vários
lugares. Negativo: não se tem uma abertura para que todos os sambistas,
independentemente do nome possam apresentar seu trabalho.

3ª) O samba foi totalmente descontextualizado ou, por meio do aparato
tecnológico conseguiu-se uma interpretação aprimorada do estilo?
Resposta:
Sim. O samba virou mercadoria, não é semelhante à música que era tocada
no início. Ele virou produto a começar pela criação das escolas de samba.

4ª) O samba ainda comunica as mensagens que retratam tristeza,
dinheiro, preconceito, solidão e desigualdade social; ou o foco tem sido a
venda de produtos como CDs e DVDs?
Resposta:
A venda de Cd e DVD. Os sambistas hoje priorizam apartamento e um bom
cachê. Esse é o foco dos artistas atuais. Eles querem fazer sucesso e ter conforto
acima de tudo. Hoje é tudo descartável.

5ª) Em sua opinião o samba é o ritmo que representa o Brasil?
Por quê?
Resposta:
É. Porque nossa cultura popular vem de Caxambu (palavra que teve origem
indígena de Catã-mbu, também é o nome de um instrumento musical dos africanos),
dos antepassados, os quais deram base para o samba.

6ª) O sambista no Brasil é conceituado pela mídia ou pelo público?
Resposta:
Pelo público. Conceituado pela mídia no Brasil é o “mela cueca”, é o rock
holl. Samba puro não tem o suporte da mídia. Fica de pé porque é forte. O samba
“agoniza”, mas, não morre. Porque a cobertura que merece não tem.

7ª) Muitos profissionais ligados ao samba (cantor, compositor) não são
conhecidos, porque não têm o apoio da mídia?
Resposta:
Exatamente. Muitos artistas ficam em stand by por falta de oportunidade.
Têm muitos no anonimato que são talentosos. Quem chegou a alcançar o sucesso
teve que ser xereta, ou ser considerado assim.

8ª) Os nomes ligados a esse ritmo que ganham destaque na mídia
representam realmente o samba no Brasil?
Resposta:
É claro. O samba é o nosso ritmo. A terra é nossa não é terra do rock holl.
Os que alcançaram destaque na mídia são merecedores. Eu nunca vi um sambista
estar na mídia porque é mentiroso. São talentosos pra valer, têm dignidade.

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